Cabinda

Na Região Militar de Angola, Cabinda encontrava-se territorialmente designada por um Sector Militar que por sua vez era subdividida em sub-sectores militares. O enclave de Cabinda, situado na África Central, sete vezes maior do que São Tomé e Príncipe, duas vezes maior  do que Cabo Verde e doze vezes menor do que Portugal, com uma costa de 90 km, a Oeste (Oceano Atlântico) e com fronteira a Norte com o Congo Brazza e a Este e a Sul com a República Democrática do Congo. O enclave de Cabinda dista 60 km do território Angolano.

Cabinda em 1970, quando ai desembarcámos, tinha um pequeno porto que, com alguns investimentos podia tornar-se num dos maiores portos da zona, tinha um aeroporto que apesar de não ser muito dimensionado, face à localização de Cabinda na região de África reunia todas as condições para poder vir a ser um aeroporto que, através dos vizinhos Congos podiam criar uma rede de desenvolvimento mercantis de valor acrescentado para o desenvolvimento integrado de Cabinda.

A província de Cabinda é rica, em recursos naturais, sobretudo petróleo, que contribui com cerca de 60% para o orçamento do Estado de Angola. Além do petróleo, Cabinda é rica em diamantes, fosfato, magnésio, café, cacau, madeira, encontrando-se esta na mata do “Maiombe”, a segunda maior floresta do mundo, depois da Amazónia no Brasil. Na mata do Maiombe podem encontrar-se borboletas, papagaios, gorilas elefantes entre outros.

 Diogo Cão, foi o primeiro navegador europeu a chegar a Cabinda e a estabelecer contactos comerciais com os Ntotila (Rei) local do reino do Congo, onde deixou a inscrição e as armas de Portugal. Recebido com pompa e circunstância pelo Ntotila de Mbanza Kongo que, quis tornar-se cristão e manifestou o desejo de estabelecer com Portugal.

 Portugal, invocou por diversas vezes ao longo dos séculos o seu direito histórico à posse dos territórios de Cabinda, tendo expulsado e destruído, em 1723, o fortim de corsários ingleses com a ajuda do Rei do Ngoyo. Em 1784, foi a vez, dos franceses atacarem os portugueses da fortaleza de Santa Maria de Cabinda mas, em 1786 reconheceram oficialmente a soberania portuguesa sobre a costa de Cabinda.

 O Marquês de Pombal, perante a impossibilidade da manutenção do monopólio do comércio que até aí vinha detendo decretou, em 1758, Livre e Franco o comércio com o Congo. No dia 1 de Fevereiro de 1885, o reino de Ngoyo, assinou com o reino de Portugal o Tratado de Simulambuco, (texto manuscrito) com o objectivo de colocar Cabinda sobre protectorado português e protegê-la da invasão do reino Belga. Meses depois viria a celebrar-se a Conferência de Berlim, onde os europeus dividiram África às fatias, como bem quiseram ou puderam. Na sequência desta Conferência e, cedendo aos caprichos de Leopoldo II da Bélgica, Cabinda viria a separar-se de Angola, através de uma faixa de 60 Km por onde o protectorado belga do Congo acederia ao Oceano Atlântico.

Já no século XX, em 1956, Salazar afim de reduzir os custos administrativos, decidiu que, Angola e Cabinda, desde então, passassem a ter o mesmo Governador e hoje, contra a vontade de muitos Cabindenses pertencem à mesma nação: República de Angola.

Depois da Revolução dos Cravos em Portugal, em 25 de Abril de 1974 e, no seguimento dos processos de descolonização, em 1975, data da independência de Angola, Cabinda passou a ser uma das 18 províncias do novo país independente, ainda que com a oposição da Fec-Flac que critica Portugal por não ter sido permitida a sua presença nos acordos de Alvor e Bicesse. Ainda hoje há conflitos entre o governo de Angola com os líderes de Cabinda que reclamam a autonomia total de Cabinda. Assim Portugal tivesse cumprido com o estabelecido no Tratado de Simulambuco e, respeitasse O Povo Cabindense, Cabinda era hoje um País mais próspero e autónomo

 

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